Perda de Visão


Perder a visão é como perder a janela que nos mostra o mundo. Muitos idosos têm este sentimento de que o mundo se está a fechar gradualmente. Perdem capacidade de realizar as tarefas do dia-a-dia, como preparar uma refeição ou usar o telefone, atividades que outrora seriam de execução muito fácil.
A perda de visão é uma das principais causas de incapacidade, perda de independência e redução de qualidade de vida. Milhões de seniores com mais de 65 anos sofrem de perda de visão. Embora a probabilidade de perda de visão aumente com a idade, existe o falso estigma de que esta é uma causa decorrente do processo de envelhecimento. É igualmente traumatizante perder a visão durante a velhice ou em etapas mais precoces da vida, podendo mesmo ser um dos problemas de saúde mais grave que os idosos enfrentam. O efeito psicossocial da perda de visão em idosos pode ter consequências muito graves.
Variados estudos mostraram que em idosos que apresentam perda de visão, têm mais dificuldade em realizar as atividades da vida diária (AVD) do que aqueles que sofrem de outras doenças crónicas. Seniores com perda de visão apresentam um número maior de doenças crónicas, como diabetes, doença cardíaca, AVC, comparando com os que não sofrem de perda de visão.
Este maior número de afeções cronicas pode ser o resultado para própria perda de visão, uma das causas advém da dificuldade em manter uma dieta saudável, já que idosos com baixa visão têm quatro vezes mais dificuldade em preparar uma refeição. Outras causas provêm dos idosos com fraca visão estarem menos propensos a realizar atividades físicas (apenas 59,6% dos idosos com perda de visão relatam ser fisicamente ativos em comparação com os 70,2% dos idosos com visão normal).
Este facto acaba por não ser surpreendente quando se considera que, em comparação aos idosos com visão normal, os idosos com perda de visão estão até três vezes mais propensos a ter dificuldade em sair de sua casa e igualmente três vezes mais propensos a desenvolver dificuldades motoras.
Como resultado, os idosos com deficiência visual têm níveis de depressão e ansiedade muito mais altos que idosos com outras afeções crónicas. Devido ao seu défice visual, estes seniores têm uma maior tendência em isolar-se, deixam gradualmente de realizar as atividades que sempre gostaram. A investigação mostrou que estes níveis mais elevados de depressão e ansiedade contribuem para a dificuldade dos idosos em realizar as AVDs, mais do que a perda de visão em si. Como os idosos com deficiências visuais se tornam mais deprimidos por causa da perda de visão, começam a ter mais problemas de saúde, está assim criado um ciclo vicioso onde a depressão deteriora o estado físico e a deterioração física aumenta a depressão.
A boa notícia é que, com apoio e terapia específica para idosos com deficiências visuais, é possível devolver a sua independência e quebrar este ciclo. Os médicos podem prescrever programas de reabilitação que permitiram aos seniores aprender a gerir e lidar com a perda de visão, permitindo que estes sejam participantes ativos nas suas comunidades.
Família, amigos e cuidadores profissionais podem ajudar estes seniores em muitas das suas atividades, como preparação de refeições, transporte para eventos ou compromissos, diminuindo assim o seu isolamento permitindo que estes sigam a sua vida normal. Ao permanecerem ativos e sociais, os idosos com baixa visão reduzem a hipótese de sofrer de depressão, consequentemente isto vai diminuir os riscos globais de desenvolvimento de doenças cronicas adicionais.

Bibliografia
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